Peço A Palavra

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Wednesday, September 05, 2007

Mulher, falar, fofocar.

O interesse futebolístico masculino não chega perto da oralidade feminina na hora de fofocar. Há homens que não gostam de futebol. Você conhece alguma mulher que dispense uma fofoca?

Saturday, June 30, 2007

"Nem só de Pan vive o homem".

É com grande prazer que estréio como cronista logo na primeiríssima edição do Jornal com Letras - este suado projeto dos meus amigos de curso - trazendo à tona o Pan-Americano - evento que, juntamente com morros invadidos e escândalos políticos, tem tomado de assalto o noticiário.
Confesso a você, caro leitor, que tenho o hábito, o costume, a mania, o vício de ouvir rádio AM. Não sei se pelo fato de não uportar a programação das FMs ou se porque busco estar sempre bem informado. A questão é que vivo ligado nas notícias que vêm e vão, nos debates que abordam temas polêmicos e na nossa paixão nacional: a bunda? a cerveja? Não, o futebol!
Mas o tema desta crônica surgiu mesmo de uma dessas discussões acaloradas que acompanho quase que religiosamente. O assunto era a importância da realização dos Jogos Pan-Americanos no Rio de Janeiro. "Imaginem o quanto o Rio será divulgado! O continente americano e o mundo estarão voltado para nós!", disse um debatedor. "Haverá uma melhoria no transporte público. Uma nova estrutura será implantada e os cariocas herdarão este presente", bradou outro. "E um grande investimento na segurança está sendo feito para que possamos ter êxito na realização desta competição. O presidente, o governador, o prefeito e não-sei-mais-quem estão trabalhando para...", empolgou-se um deles. Ou seja, a maioria defendia esta idéia de que o Pan salvaria o Rio.
De repente, uma alma ali se fez presente. Um espírito iluminado, cuja luz respingou em mim, remou contra a maré. " Realmente, o Rio de Janeiro vai melhorar muito com o Pan, não é? Vai melhorar o transporte, a segurança, a saúde. Só não sei quantos Pan-Americanos precisarão acontecer aqui para que nossa cidade não sofra mais com tanto descaso". Fez-se o silêncio. "Também não sei quantas Copas do Mundo, quantas Olimpíadas farão nossos governantes lembrarem que há um povo inteiro esperando pela boa vontade deles. Mascaram a cidade varrendo o lixo pra debaixo do tapete quando julgam necessário. Quando não importa mais, voltam a miséria e a indiferença. Mostram-se participativos na realização do Pan para conseguir votos futuros. 'No Pan do Rio de Janeiro, fui eu que fiz isso e aquilo outro', dirão. Investem em transporte, em segurança, mas não investem em educação. sabem a razão? O resultado demora a aparecer. Eles precisam de algo para agora! 2007! Pan-Americano! O mundo estará nos vendo!!! Como diz um amigo meu: 'Nem só de Pan vive o homem'". Eu me vi naquela voz. Em cada palavra, em cada ironia, em cada revolta, em cada verdade colocada naquele discurso.
Trocadilhos à parte, o amigo tinha (e tem) razão. O Pan irá embora. Tirarão o doce da nossa boca, prezado leitor, e ficaremos a chorar pelo Pan de cada dia entre balas perdidas e políticos reeleitos.

Sunday, April 29, 2007

Carta de Henfil a Ernesto Geisel.

Exmo. Sr. Presidente Ernesto Geisel,

Considerando as instruções dadas por V. Senhoria de que sejam negados passaportes aos senhores Francisco Julião, Miguel Arraes, Leonel Brizola, Luiz Prestes, Paulo Schilling, Gregório Bezerra, Márcio Moreira Alvez e Paulo Freire.

Considerando que desde que eu nasci me identifico plenamente com a pele, a cor dos cabelos, estatura, cultura, o sorriso e as aspirações, a língua, a música, a história e o sangue destes oito senhores.

Considerando tudo isto, por imperativo da minha consciência e honestidade de princípio, venho por meio desta devolver o passaporte que, negado a eles, me foi concedido (certamente por engano) pelos órgãos competentes de seu governo.

Juro pela minha mãe que eu pensava estar vivendo em meu país há 34 anos!

Solicito a compreensão de V. Senhoria, no sentido de me conceder um prazo de 30 dias para que eu possa desocupar o seu país com todos os meus pertences em direção à minha (e a dos 8) verdadeira pátria, o Brasil.

Desculpe o engano. Que confusão, Sio!

Atenciosamente,

Henfil, janeiro de 1979.

P.S.: Só para me informar: que país é esse?

Saturday, April 28, 2007

Autopsicografia - Fernando Pessoa.

O poeta é um fingidor
finge tão completamente
que chega a fingir que é dor
a dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve
na dor lida sentem bem
não as duas que ele teve
mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
gira, a entreter a razão
esse combio de corda que se chama coração.

Breve leitura de "Uma estadia no inferno", de Arthur Rimbaud.

Único livro que Arthur Rimbaud publicou em vida, Une Saison en Enfer, "Uma estação no inferno" (ou como já foi traduzido, "Uma estadia no inferno") é uma prodigiosa autobiografia psicológica do menino de 17 anos que viveu a vida como se ela fosse um inferno. A estação deste inferno seria uma estação do trem chamado vida? Se trabalhássemos com o título "Um estadia no inferno", poderíamos dizer que esta estadia era passageira? Destacaremos algumas passagens deste livro para entender melhor a obra de Jean Nicolas Arthur Rimbaud.
No início de “Uma estadia...”, Rimbaud escreve: “... meu caro Satanás, vos conjuro, uma pupila menos irritada! E aguardando algumas pequenas covardias atrasadas, vós que amais no escritor a ausência das faculdades descritivas ou instrutivas, vos destaco estas horrendas folhas...”. Logo na abertura de sua obra, Rimbaud deixa claro sua preferência pelo o que é considerado o lado “negro” da vida. Não que esta preferência fosse para chocar sua família, seus amigos ou quem quer que fosse. Como ele mesmo disse, “... meu caro Satanás, vos conjuro, uma pupila menos irritada...”. Era mais fácil seu contato com Satã do que com Deus. E seu lado, digamos, demoníaco, era constante tanto na vida quanto nos escritos.
Em “Sangue mau”, uma frase chama a atenção: “ A mão na pena vale a mão na enxada”. Desde cedo, mesmo quando ainda era estudante, os escritos de Rimbaud já eram classificados por seus professores como excelentes. A vida desregrada e a poesia aflorada pareciam dizer: “Trabalhar para quê? Você é poeta!”. A afirmação de que o trabalho dignifica o homem cai por terra mais ainda quando ele afirma: “A honestidade da mendicância me aflige”. É como se ele quissesse dizer: “Quem quer trabalhar podendo viver pedindo dinheiro aos outros?” Mesmo assim, a sociedade preferia o trabalho que Rimbaud encarava como “mentiroso”. Eis seu motivo de tanta aflição.
Ainda em “Sangue mau”, o tema Cristo versus Satã volta a ser mencionado: “O espírito está próximo, porque Cristo não me ajuda, dando à minha alma nobreza e liberdade”. Esta nobreza e liberdade parecem existir unicamente pelo fato do poeta não querer ajuda divina. Uma luz que o ajudasse a compreender a si mesmo. E é essa vida sem Cristo que faz seu espírito nobre e livre. Livre para acreditar no que quiser. Entretanto, mesmo Satanás sendo uma “pupila menos irritada”, o flerte com Deus aparece: “Espero Deus feito um guloso”. É a esperança de que esta pupila mais irritada fique boa.
No mesmo capítulo, o poeta escreve: “Nas estradas, pelas noites de inverno, sem lar, sem roupas, sem pão, uma voz apertava meu coração gelado: ‘fraqueza ou força: eis-te, é a força. Não sabes aonde vais nem porque vais, entra em todo lugar, responde a tudo. Não te matarão mais do que fosses cadáver’. De manhã, eu tinha o olhar tão perdido e a postura tão morta, que aqueles que encontrei talvez não me vissem”. Pela primeira vez entra em cena o vidente Rimbaud. Há toda uma questão se Rimbaud era mesmo vidente ou se isso era apenas uma imagem ou uma metáfora. Todavia, aqueles que não acreditam em nada que não esteja explicado nos livros perdem uma das grandes forças da poesia. Rimbaud via e ouvia coisas que para ele eram verdadeiras. Era a ciência, a medicina, a filosofia e “os divertimentos dos príncipes e os jogos que eles proibiram! Geografia, cosmografia, mecânica, química!...”. Mas como o próprio Rimbaud também escreve: “... e não sabendo como explicar-me sem palavras pagãs, queria calar-me”.
“Se Deus me concedesse a calma celeste, aérea, a reza – como os antigos santos – Os santos! São fortes!... Farsa contínua! A minha inocência me faria chorar. A vida é a farsa a ser levada por todos”. Aqui, Rimbaud enumera tudo o que Deus não lhe deu e chama a vida de “farsa” assim como o trabalho para ele é mentiroso. Ele enxerga a vida como uma farsa por ver além do que um simples mortal pode ver.
No seguinte capítulo, entitulado “Noite no inferno”, Rimbaud inicia descrevendo um veneno que tomara e que o fizera ficar mais perto de Satanás: “É o inferno, eterna pena! Vejam como o fogo se levanta! Queimo como deve. Vá, demônio!”. Adiante, o vidente retorna: “As alucinações são inúmeras. É bem o que eu sempre tive: sem fé na história, o esquecimento dos princípios. Calarei isto: poetas e visionários ficariam com ciúmes. Sou mil vezes o mais rico, sejamos avarentos como o mar”. Há aparentemente um costume já aceitável. As alucinações sempre estiveram presentes. Seriam elas as responsáveis pelo lado vidente do poeta? “Satanás, brincalhão, você quer me dissolver, com teus charmes”. Mais uma clara evidência de que o demônio era mais presente do que Cristo.
Em “Delírios I – Virgem Louca / O esposo infernal”, Rimbaud narra a confissão de um companheiro de inferno que na verdade é companheira. A companheira é a esposa do Diabo. Esta amante do demônio descreve-o como uma criatura que vive numa certa ambigüidade: ao mesmo tempo que este ser é malvado, mesquinho e sem escrúpulos, também mostra-se piedoso, inteligente e astuto. “Eu o seguia, é preciso!”. Tal sentença demonstra que esta mulher não tinha escolha. Seu destino era mesmo ficar ao lado de Satã. E o trecho final deste capítulo é recheado de ironia: “ ‘Um dia talvez ele desaparecerá maravilhosamente; mas é preciso que eu saiba, se ele deve subir para um céu, que eu veja um pouco a assunção (subida ao céu da Virgem Maria) do meu amiguinho’”. Ficam as dúvidas: esta mulher seria uma alucinação? Ela de fato existiu? Ou seria o próprio Rimbaud?
No capítulo seguinte, “Delírios II – Alquimia do verbo”, Rimbaud explica o que fez seu verbo ser “acessível, cedo ou tarde, a todos os sentidos”. Eis sua explicação: “Eu me acostumava com a alucinação simples: eu via muito francamente uma mesquita no lugar de uma fábrica, uma escola de tambores feita por anjos, coches nas estradas do céu, um salão no fundo de um lago; os monstros, os mistérios; um título de comédia levantava horrores na minha frente. Depois explicava meus sofismas mágicos com a alucinação das palavras. Acabei por achar sagrada a desordem do meu espírito”. As imagens que Rimbaud via lhe eram reais. O que no começo chocava, agora tinha virado um costume. De suas alucinações vem a grande força de sua poesia. Pensando desta forma, talvez se seu espírito não fosse o que foi, a pessoa Arthur Rimbaud não teria sido o poeta Arthur Rimbaud.
Apesar de achar “sagrada” toda esta falta de ordem no seu espírito, não era fácil para ele lidar com isto: “Meu temperamento se amargurava. Eu dizia adeus ao mundo em cantigas”. É quando o poeta cita “Canção da mais alta torre” como uma destas cantigas com tal significado.
No capítulo “O impossível”, ele diz que “meus dois tostões de razão acabaram!” É a visão definitiva de que não haveria mais espaço para a razão. A loucura que sempre lhe foi companheira torna-se ainda mais forte (loucura de acordo com aqueles que não entendiam sua persona e o próprio Rimbaud era uma delas). “Mandei ao Diabo as palmas dos mártires, os raios da arte, o orgulho dos inventores...”. Aqui Rimbaud mostra que não é só ele que está com o demônio. Os inventores, tão perseguidos na época de Rimbaud também estavam, digamos “no mesmo barco”. Toda pessoa envolvida com a arte tem um pouco do Diabo em si. Isso nos remete à Platão, quando ele diz, na República, que o poeta é um ser nocivo para a sociedade por desviá-la do caminho certo para a construção da sociedade perfeita. Rimbaud era assim e tentava enxergar nos seus contemporâneos um pouco deste lado revolucionário que cada poeta ou inventor tem.
Em “O relâmpago”, o poeta percebe que o fim da vida se aproxima. “A minha vida está gasta”. Rimbaud era um pouco esse relâmpago, que passou e iluminou gerações de poetas anárquicos. Porém, no mesmo capítulo, ele ainda mostra-se capaz de achar a morte muito simples para sua capacidade. “Não!não! agora me revolto contra a morte! O trabalho parece leve demais ao meu orgulho”.
No antepenúltimo capítulo nomeado “Manhã”, Rimbaud faz uma espécie de análise de si próprio e tenta entender o porquê dele chegar a seu estado de fraqueza atual. Além disto, ele afirma: “No entanto, hoje, creio ter terminado o relato do meu inferno. Era mesmo o inferno; o antigo, aquele que o filho do homem abriu as portas”. Seria o verdadeiro inferno de Rimbaud tudo o que vinha da força divina? O paraíso dele era com o demônio?
“Uma estadia no inferno” termina com “Adeus”. Neste capítulo, ele registra: “Tentei inventar novas flores, novos astros, novas carnes, novas línguas. Pensei adquirir poderes sobrenaturais. Pois é! Devo enterrar minha imaginação e minhas lembranças! Uma bela glória de artista e contador levada embora!”. Já não importava mais se aquelas alucinações eram verdadeiras ou não, se ele era vidente ou não. Era momento de se retirar e guardar para si suas recordações.
Sabe-se que esta “morte” de Rimbaud foi somente uma morte poética, pois nada mais foi registrado em seu nome. Rimbaud parou de escrever com 17, 18 anos e foi tentar a vida na África, onde faleceu aos 32 anos.
Arthur Rimbaud chocou professores e poetas renomados. “Uma estadia...” trata o Diabo com tanto carinho e põe a figura de Deus tão distante do poeta que, numa época em que a igreja católica era forte, não havia como evitar o choque. É uma mistura de estranhamento e grotesco. Talvez sejam estas duas marcas em sua obra que o coloca como “pai” da poética moderna, poética esta que rompe com a clássica, por ser marcada pelo negativismo, enquanto a clássica é caracterizada pela busca do belo. Este negativismo é claro em Rimbaud assim como também é em Charles Baudelaire, outro grande poeta francês. Arthur Rimbaud foi o modernista que deu a mão ao Diabo por não alcançar a mão de Deus.

Saturday, March 10, 2007

Uma visão particular da vida.

Desfrute do poder e da beleza de sua juventude.
Oh, esqueça.
Você só vai compreender o poder e a beleza de sua juventude
quando já tiverem desaparecido.
Mas, acredite em mim.
Dentro de vinte anos,
você olhará suas fotos e compreenderá,
de um jeito que não pode compreender agora,
quantas oportunidades se abriram pra você.
Você não é tão gordo quanto imagina.
Não se preocupe com o futuro.
Ou se preocupe, se quiser,
sabendo que a preocupação é tão eficaz
quanto tentar resolver uma equação de álgebra mascando chiclete.
É quase certo que os problemas que realmente tem importância em sua vida
são aqueles que nunca passam por sua mente
tipo aqueles que tomam conta de você às 4 da tarde em alguma terça-feira ociosa.
Todos os dias faça alguma coisa que seja assustadora.
Cante.
Não trate os sentimentos alheios de forma irresponsável.
Não tolere aqueles que agem de forma irresponvável em relação a você.
Relaxe.
Não perca tempo com inveja.
Algumas vezes você ganha,
algumas vezes você perde.
A corrida é longa e, no final,
tem que contar só com você.
Lembre-se dos elogios que recebe.
Esqueça os insultos
(se conseguir fazer isso, me diga como).
Guarde as cartas de amor.
Jogue fora seus velhos extratos bancários.
Estique-se.
Não tenha sentimento de culpa se não sabe muito bem o que quer da vida.
As pessoas mais interessantes que conheço
não tinham, aos 22 anos,
nenhuma idéia do que fariam na vida.
Algumas das pessoas interessantes de 40 anos que conheço ainda não sabem.
Tome bastante cálcio.
Seja gentil com seus joelhos.
Você sentirá falta deles quando não funcionarem mais.
Talvez você se case, talvez não.
Talvez tenha filhos, talvez não.
talvez se divorcie aos quarenta.
Talvez dance uma valsinha quando fizer 75 anos de casamento.
O que quer que faça, não se orgulhe nem se critique demais.
Todas as suas escolhas tem 50% de chance de dar certo
como as escolhas de todos os demais.
Curta seu corpo da maneira que puder.
Não tenha medo dele ou do que as outras pessoas pensem dele.
Ele é seu maior instrumento.
Dance.
Mesmo que o único lugar que você tenha para dançar seja sua sala de estar.
Leia todas as indicações, mesmo que não as siga.
Não leia revistas de beleza.
A única coisa que elas fazem é mostrar você como uma pessoa feia.
Saiba entender seus pais.
Você nunca sabe a falta que vai sentir deles.
Seja agradável com seus irmãos.
Eles são seu melhor vínculo com seu passado
e aqueles que, no futuro, provavelmente nunca deixarão você na mão.
Entenda que os amigos vão e vêm,
mas que há um punhado deles, preciosos,
que você tem que guardar com carinho.
Trabalhe duro pra transpor os obstáculos geográficos e da vida
porque quanto mais você envelhece
mais precisa das pessoas que conheceram você na juventude.
More em Nova York.
Mas mude-se antes que a cidade transforme você numa pessoa dura.
More no norte da Califórnia.
Mas mude-se antes de tornar-se uma pessoa muito mole.
Viaje.
Aceite certas verdades eternas:
os preços sempre vão subir,
os políticos são todos mulherengos,
você também vai envelhecer,
e quano envelhecer,
vai fantasiar que, quando era jovem,
os preços eram acessíveis,
os políticos eram nobres de alma
e as crianças respeitavam os mais velhos.
Respeite as pessoas mais velhas.
Não espere apoio de ninguém.
Talvez você tenha uma aposentadoria.
Talvez tenha um cônjuge rico.
Mas você nunca sabe quando um ou outro podem desaparecer.
Não mexa muito em seu cabelo.
Senão, quando tiver com quarenta anos,
vai ficar com aparência de oitenta e cinco.
Tenha cuidado com as pessoas que lhe dão conselhos,
mas seja paciente com elas.
Conselho é uma forma de nostalgia.
Dar conselho é uma forma de resgatar o passado da lata do lixo,
limpá-lo, esconder as partes feias
e reciclá-lo por um preço maior do que realmente vale.


P.S: Este texto foi escrito por um cidadão americado portador do vírus da Aids. Entre a descoberta da doença e sua morte, ele fez questão de deixar registrado sua impressão da vida.

Saturday, December 16, 2006

Poética Clássica X Poética Moderna

A poética Clássica está calcada no conceito de imitação. Esta imitação, por sua vez, está ligada à natureza pelo fato desta possuir a noção de eternidade. O homem imita a natureza. Porém, ele precisa adequar-se a esta mesma natureza para imitá-la. Daí deriva-se uma poética normativa. É a imitação que gera um princípio pedagógico. Trata-se da continuidade da tradição, onde a objetividade possui uma verdade existente em si. É o estatuto ontológico, é a imitação do belo, daquilo que é considerado perfeito. Entretanto, Charles Baudelaire é o poeta que surge para quebrar esta tendência. Enquanto o Clássico busca o belo, Baudelaire escreve versos como: "ao verme que te beija o rosto" (Uma carnição - As Flores do Mal) e "que tu venhas do céu ou do inferno, que importa?" (Hino à beleza - AS Flores do Mal). Charles Baudelaire talvez seja o nome mais importante da chamada poética Moderna. A poética Moderna é justamente a ruptura desde conceito clássico. A imitação clássica, dentro da poética moderna, entra em crise. É a chamada crise da representação. O homem moderno quebra a regra estabelecida pelo Clássico. A objetividade que possuía a verdade em si dá lugar à subjetividade cuja verdade, agora, está para si. Se no Clássico a razão é imanente à natureza, no Moderno a razão é imanente ao homem. O homem começa a fazer sua história a partir da modernidade. É o estatuto pragmático, ou seja, a produção, a criação.
Um dos fatores que marcam a diferença entre estas duas correntes poéticas é o conceito de dissonância. Se na poética Clássica existe uma busca pelo belo, pela verdade, na poética Moderna esta busca é impossibilitada pela objetividade do homem moderno ser marcada pelo negativismo: "que graça é o viajor alado e sem seu nimbo!" (O Albatroz - As Flores do Mal). Isto gera uma característica fundamental do modernismo: a anormalidade (que leva o leitor ao estranhamento). No Clássico, os poemas falam do sol, da lua, do mar, do céu, das estrelas, do vento... . Nota-se uma estética tradicional; uma linguagem rebuscada com um conteúdo elevado. Já no Moderno, os poemas falam de mendigos, prostitutas, bêbados... . Percebe-se uma estética conflitante em relação à Clássica. É a estética experimental; uma linguagem elevada para falar do grotesco: "em meio às hienas, às serpentes, aos chacais/aos símios, aos abutres e às bestiais panteras/aos monstros ululantes e às viscosas feras/no lodaçal de nossos vícios imortais" (Ao leitor - As Flores do Mal). O homem moderno não crê mais na beleza Clássica. A beleza Moderna está na anormalidade. É a centralidade Clássica de um lado e a marginalidade Moderna do outro.

Thursday, December 07, 2006

Are men and women at the same level?

Every time there is a research whose main proposal is to know whether women are finally truly equal to men. It is not difficult to see different opinions. Some of them at least agree that women are equal to men; others disagree saying that women still have a long way to go before they reach the same level of men. It is interesting to analayze the reasons of each point of view. The ones who believe that women and men are at the same level use some examples to justify this opinion. They say that many governments have both male and female representatives, many companies are now owned or managed by women and a lot of progress has been made since 1960s. However, there are others who offer explanations in which the disagreement is clear. They affirm that most governments are still made up in their majority by men. Women still earn less than men in many companies because a hundred of years of history could not be changed in the last 40 years. In spite of this contrast, all the participants of the research have something in common: they understand that the women's progress is a necessity of modern life. More than this, women have been proving their professional capacity in hard times like these. People can agree and disagree about the situation of women in our society. On the other hand, they do not have any doubt to say that women still have a long road to go.

Heart diseases prevention

Everybody knows the importance of a healthy lifestyle in order to prevent health problems, especially heart diseases. Heart diseases commonly affect people who drink alcoholic beverages, smoke, have bad dietary habits and/or do not exercises regulary. Also, health conditions can be genetically passed from one generation to another. Other diseases, such as diabetes, can increase the risk of heart problems and strokes. If you are included in any of these situations, watch out. You are likely to have a cardiovascular disease. But it is never too late to improve your lifestyle and reduce the risks of having a heart problem. First, any physical activity is welcome. Then, reduce cholesterol and fats from your diet; manage your weight. And do not forget to visit the doctor to have a check-up, at least once a year.