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Saturday, December 16, 2006

Poética Clássica X Poética Moderna

A poética Clássica está calcada no conceito de imitação. Esta imitação, por sua vez, está ligada à natureza pelo fato desta possuir a noção de eternidade. O homem imita a natureza. Porém, ele precisa adequar-se a esta mesma natureza para imitá-la. Daí deriva-se uma poética normativa. É a imitação que gera um princípio pedagógico. Trata-se da continuidade da tradição, onde a objetividade possui uma verdade existente em si. É o estatuto ontológico, é a imitação do belo, daquilo que é considerado perfeito. Entretanto, Charles Baudelaire é o poeta que surge para quebrar esta tendência. Enquanto o Clássico busca o belo, Baudelaire escreve versos como: "ao verme que te beija o rosto" (Uma carnição - As Flores do Mal) e "que tu venhas do céu ou do inferno, que importa?" (Hino à beleza - AS Flores do Mal). Charles Baudelaire talvez seja o nome mais importante da chamada poética Moderna. A poética Moderna é justamente a ruptura desde conceito clássico. A imitação clássica, dentro da poética moderna, entra em crise. É a chamada crise da representação. O homem moderno quebra a regra estabelecida pelo Clássico. A objetividade que possuía a verdade em si dá lugar à subjetividade cuja verdade, agora, está para si. Se no Clássico a razão é imanente à natureza, no Moderno a razão é imanente ao homem. O homem começa a fazer sua história a partir da modernidade. É o estatuto pragmático, ou seja, a produção, a criação.
Um dos fatores que marcam a diferença entre estas duas correntes poéticas é o conceito de dissonância. Se na poética Clássica existe uma busca pelo belo, pela verdade, na poética Moderna esta busca é impossibilitada pela objetividade do homem moderno ser marcada pelo negativismo: "que graça é o viajor alado e sem seu nimbo!" (O Albatroz - As Flores do Mal). Isto gera uma característica fundamental do modernismo: a anormalidade (que leva o leitor ao estranhamento). No Clássico, os poemas falam do sol, da lua, do mar, do céu, das estrelas, do vento... . Nota-se uma estética tradicional; uma linguagem rebuscada com um conteúdo elevado. Já no Moderno, os poemas falam de mendigos, prostitutas, bêbados... . Percebe-se uma estética conflitante em relação à Clássica. É a estética experimental; uma linguagem elevada para falar do grotesco: "em meio às hienas, às serpentes, aos chacais/aos símios, aos abutres e às bestiais panteras/aos monstros ululantes e às viscosas feras/no lodaçal de nossos vícios imortais" (Ao leitor - As Flores do Mal). O homem moderno não crê mais na beleza Clássica. A beleza Moderna está na anormalidade. É a centralidade Clássica de um lado e a marginalidade Moderna do outro.

1 Comments:

Blogger Blog da Morgana said...

Reflexão digna de nota 10. Parabéns, Dio. Adorei.
bjs

3:58 PM  

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